quarta-feira, 30 de maio de 2007

O que será de mim?

Enquanto eu voltava para cá, dentro do ônibus, me lembrei com espantosa nitidez do rosto de todas as pessoas que me trouxeram grandes momentos enquanto me mantive em minha terra natal. O rosto de alguns amigos, de minha irmã, nos beijos e abraços que eu recebi, na alegria das pessoas por eu retornar às suas vidas, por eu entrar em suas vidas, por eu receber todas elas em minha vida, por tornar a receber.


Eu pensei no beijo que eu recebi ontem à noite, enquanto eu e Zé (apelido de Bruno) tentávamos nos esquentar do frio, pensei no rosto alegre das pessoas, pensei em tantas coisas que eu deixei sem haver quem cuide delas por mim. Com pesar deixei algumas lágrimas cairem antes de eu cochilar no ônibus, antes de sonhar que eu ainda estava lá.


Penso no quanto meus desejos e planos mudaram tão de repente, penso no quanto é difícil estar aqui novamente, penso nas escolhas que eu tomei no momento em que não estava pronta para tomá-las. Hoje eu posso com certo prazer notar que eu estava doente, que eu estava triste, que eu estava perdida, que eu não acreditava o suficiente em meu próprio poder pessoal. Penso que este é o momento de eu tentar fazer as coisas diferentes, porque sei que posso.


De outro modo eu sei que é necessário que eu esteja aqui, pois do mesmo modo que eu não sabia que essa minha estadia em minha terra natal iria me curar tanto, eu também não sei o que o meu retorno pode fazer por mim, ou pelos outros ao meu redor, na verdade, hoje eu sei que eu nunca sei de nada, que eu não posso nunca prever, não posso subjulgar a imprevisibilidade. Mas, algo ainda está certo, eu amo a reciprocidade! E é prazeroso de todo o modo poder ir e vir, ainda que eu deteste a despedida.


Quero somente viver a vida intensamente, não importa na verdade onde eu esteja, não devo pensar jamais que aqui seja meu canto da depressão ou da reclusão, mas ao contrário, pensar no que eu posso tornar esse lugar, no que eu posso conhecer aqui, no que eu posso fazer por mim aqui, no quanto eu posso me cuidar e me amar, no quanto eu posso manter todas essas curas intensas e ainda vivas. Eu sempre posso ser um pouco mais que isso, um pouco mais do que um lugar, um pouco mais do que uma cidade, um meio virtual, ser mais do que eu mesma posso julgar. Sei também que nada sei de mim.


Vamos ver onde essa história vai dar, não serei eu a premeditar o fim, somente a escolher os meios, aprendi que não quero mais apontar o ponto onde quero estar, mas deixar que minhas intuições, desejos, instintos e vontades me levem para onde eu realmente devo estar, porque noto que minha sabedoria inconsciente é ainda mais sábia do que qualquer coisa que eu possa pensar, ou sentir, ou imaginar.